ATA DE OCTAGÉSIMA OITAVA SESSÃO ORDINÁRIA DA QUINTA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA NONA LEGISLATURA, EM 25-08-87.

 


Aos vinte e cinco dias do mês de agosto do ano de mil novecentos e oitenta e sete reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre, em sua Octagésima Oitava Sessão Ordinária da Quinta Sessão Legislativa Ordinária da Nona Legislatura. Às quatorze horas e quinze minutos, constatada a existência de “quorum”, o Sr. Presidente declarou abertos os trabalhos e determinou que fossem distribuídas em avulsos cópias da Ata da Octagésima Sétima Sessão Ordinária, que deixou de ser votada em face da inexistência de “quorum”. À MESA foram encaminhados: pelo Ver. Adão Eliseu, 02 Projetos de Lei do Legislativo nos 73/87 (proc. nº 1820/87) que altera os artigos 3º e 4º da Lei 4629, de 23 de novembro de 1979; 75/87 (proc. nº 1836/87), que concede o título honorífico de Cidadão de Porto Alegre ao soldado da Polícia Militar Cândido Norberto Montenegro Silveira; pelo Ver. Artur Zanella, 01 Projeto de Resolução nº 27/87 (proc. nº 1847/87), que concede o título honorífico de Honra ao Mérito Atlético a todos os atletas gaúchos ou aqui radicados,que tenham conquistado medalhas nos Jogos Pan-Americanos de Indianápolis; pelo Ver. Getúlio Brizolla, 04 Pedidos de Providências, solicitando terraplanagem e ensaibramento no acostamento da Estrada Eduardo Prado, no trecho situado desde seu início até a Rua Atílio Superti; terraplanagem na Estrada João Vedana, Bairro Cavalhada; terraplanagem em todas as ruas da Cidade de Deus, Bairro Cavalhada; colocação de lâmpadas na Rua Caldre Fião,no trecho que vai da Rua Delfino Riet até a Av. Prof. Oscar Pereira. DO EXPEDIENTE constaram: Ofício nº 467/87, do Senhor Prefeito Municipal; Ofício Circular nº 017/87, da Câmara Municipal de Cachoeira do Sul-RS; Circular do Deputado Federal Constituinte Ézio Ferreira. Em COMUNICAÇÕES, o Ver. Nilton Comin convidou a todos os Parlamentares da Casa para participarem da reunião comunitária a ser realizada no próximo domingo no Esporte Clube São José, discorrendo sobre os problemas enfrentados pela comunidade do Bairro Passo D’Areia. Falou sobre a proliferação de grande número de insetos nocivos à população em Porto Alegre, comentando Projeto de Lei de sua autoria, aprovado pela Casa, relativo às “zoonozes”, salientando a importância do mesmo para o combate às endemias e epidemias em nossa Cidade. O Ver. Flávio Coulon discorreu sobre os problemas de tráfego observados na Av. Perimetral, próximo ao Parque Farroupilha, fazendo uma análise histórica da construção e dos objetivos desta Avenida. Leu e teceu comentários acerca de documento da Secretaria Municipal do Planejamento com planos do Executivo Municipal para a área. O Ver. Hermes Dutra comentou pronunciamento feito, há duas semanas, pelo Ver. Cleom Guatimozim, quando S.Exa. dizia que tinham sido minimizados os problemas de alagamentos na Cidade, discordando daquele Vereador, em face do quadro crítico resultante das últimas cheias. Solicitou do Executivo Municipal providências junto aos órgãos responsáveis para a melhoria do sistema de escoamento das águas das chuvas em Porto Alegre. Atentou para a necessidade de maior organização do Conselho de Defesa Civil do Município para que este organismo não se veja despreparado e sem condições de auxiliar a população. O Ver. Luiz Braz, falando sobre as discussões que vêm se realizando quanto ao sistema político presidencialista ou parlamentarista a ser adotado pelo País, comentou da viabilidade de adoção do sistema parlamentarista em âmbito estadual e municipal. Criticou a forma como a máquina administrativa do Município está sendo utilizada para a promoção de ocupantes de determinados cargos do Executivo, atentando para a importância de uma maior fiscalização do assunto de parte desta Casa e para o fato de que o sistema parlamentarista facilitaria esta fiscalização. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Ver. Adão Eliseu reportou-se ao pronunciamento, de hoje, do Ver. Hermes Dutra, acerca da Defesa Civil do Município, discorrendo sobre a importância de um trabalho conjunto deste organismo com o Executivo para que possa ser melhor atendida a comunidade.Dizendo ter a Defesa Civil uma função principalmente preventiva, salientou ser necessário uma atenção contínua para este organismo e não apenas durante o período de calamidades, quando pouco pode ser feito. Ainda em COMUNICAÇÕES, o Ver. Lauro Hagemann teceu comentários sobre o sistema de transportes coletivos em Porto Alegre, lamentando a falta de cumprimento dos horários pelas empresas que atuam na área, o mau atendimento recebido pelos aposentados portadores de passe livre que se utilizam deste tipo de transporte e o estado precário em que se encontram os ônibus que atendem principalmente aos bairros mais pobres da Cidade. Solicitou da Secretaria Municipal dos Transportes providências para uma maior fiscalização e para que sejam solucionados os problemas do setor. Ainda em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Ver. Aranha Filho comentou a importância de que os Executivos Municipal e Estadual encarem os Conselhos de Defesa Civil como órgãos preventivos para que, desta forma, sejam evitados os problemas de despreparo e falta de condições destes Conselhos para um apoio concreto à população. Ainda em COMUNICAÇÕES, o Ver. Kenny Braga leu denúncia veiculada pela imprensa, de que estariam sendo depredados prédios históricos de Porto Alegre para a venda de seus azulejos como peças avulsas,analisando a forma constante como vem sendo destruída a memória cultural de nossa Cidade. Solicitou medidas enérgicas para que essa situação não persista e nossos monumentos e prédios históricos não continuem sendo depredados. Ainda em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Ver. Flávio Coulon teceu comentários sobre várias correspondências que enviou à Secretaria Municipal dos Transportes com sugestões para melhorar o trânsito de Porto Alegre, lamentando não ter recebido qualquer resposta de parte daquela Secretaria e discorrendo sobre possíveis soluções para diversas dificuldades encontradas em nosso trânsito. Nada mais havendo a tratar, o Sr. Presidente levantou os trabalhos às quinze horas e cinqüenta minutos, convocando os Senhores Vereadores para as reuniões das Comissões Permanentes e convidando-os para a Sessão Solene, a seguir, destinada a homenagear o transcurso do 25º aniversário da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais de Porto Alegre. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Teresinha Irigaray, Luiz Braz, Rafael Santos e Lauro Hagemann, os dois últimos nos termos do art. 11, § 3º do Regimento Interno, e secretariados pelos Vereadores Gladis Mantelli, Flávio Coulon e Lauro Hagemann, os dois últimos como Secretários “ad hoc”. Do que eu, Gladis Mantelli, 1ª Secretária, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após lida e aprovada, será assinada pelo Sr. Presidente e por mim.

 

 


O SR. PRESIDENTE (Luiz Braz): Passaremos ao período de

 

COMUNICAÇÕES

 

Com a palavra o Ver. Nilton Comin, por transposição de tempo com o Ver. Paulo Sant’Ana.

 

O SR. NILTON COMIN: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, ao iniciar o período de Comunicações, quero iniciar com um convite a todos os Vereadores desta Casa.

Ocorre que domingo, dia 30, às 10h30min da manhã, vai ser realizada, no glorioso, impoluto, invicto Esporte Clube São José, mais uma reunião comunitária. Nesta reunião estarão presentes, além da comunidade, que é o fator fundamental da reunião, S. Exa., o Sr. Prefeito da Cidade, S. Exa., o Secretário do Interior e Obras Públicas, e S. Exa., o Senador da República José Fogaça, e todos os Vereadores desta Casa, que é o convite que estou fazendo, neste momento, para que lá compareçam e dêem a sua opinião. Estará presente, também, o Sr. Wilson Ghignatti, do DNOS, e naturalmente que o Prefeito vai levar o DEP, isto é uma coisa mais ou menos evidente, é um órgão técnico que vai assessorá-lo. Mas é uma reunião da mais alta importância. Tem momentos na vida, Sr. Presidente, em que desaparecem as siglas partidárias e a comunidade é colocada ao lado de todos os Vereadores, que são os Vereadores de Porto Alegre.

Neste momento desapareceram as siglas partidárias e entrou a comunidade com os seus representantes legítimos e constituídos. Depois de feito o convite, eu quero fazer uma colocação, já que o assunto em pauta vai ser alagamento, exatamente daquela região, devido ao Arroio da Areia, que é aquele trecho compreendido entre o Country Club, que passa pelo São José e vai até a Av. Sertório. Eu quero colocar um problema, sobre o qual nós temos tido muita sorte em Porto Alegre, o clima de Porto Alegre tem nos favorecido muito, porque neste período de inverno, no momento em que ocorrem as enchentes, o período frio elimina, praticamente, as possíveis epidemias que podiam ocorrer em Porto Alegre. Mas no verão o risco é muito grande, porque os dejetos sólidos colocados ao lado dos dejetos líquidos podem proliferar uma série de doenças através dos transmissores, como no caso dos mosquitos. Nós temos, em 14 Estados do Brasil, a febre amarela, o dengue, a malária, e agora entrou, no ano passado, um mosquito vindo da Ásia, chamado “Aedes albopictus”, que já está em três Estados brasileiros.

Evidentemente que o Estado que não possui este tipo de epidemia, e a gente não dá o devido valor, não conhece os seus danos. Nós só damos valor quando ocorre em nosso Estado. Este Vereador tem interesse em fazer com que se faça a prevenção e que este mosquito não penetre no Rio Grande do Sul. Por isso que esta Casa aprovou o Projeto das zoonoses, já que uma das zoonoses mais terríveis que existem no Brasil é devida aos mosquitos. Eu quero colocar que só na Região Norte do Brasil existe 400 mil casos de malária. Nós temos zoonose no Rio Grande do Sul, que é a doença de chagas, que têm 250 mil pessoas infectadas.

Um dia desses um Vereador, brincando comigo, falou nos ratos e eu respondi que os ratos não são o maior problema. O maior problema está concentrado nos mosquitos, nos “Aedes aegypti”, nos “Anophelinos”. E, ontem, o Ver. Hermes Dutra falava que, juntamente com o Lions Club, em que ele também é um dos representantes para colocar o Prefeito a par daquilo que é apreensão da Associação que ele ajuda, que é o problema dos mosquitos no verão em Porto Alegre. Aí está o grande problema dos mosquitos, que nós temos tido sorte, porém eu não sei se um dia desses a situação não vai complicar. Porque o que ocorre é que o mosquito, a fêmea, chega a colocar 300 ovos, e isso provoca uma proliferação tão rápida que, quando se vê, a SUCAM, que combate essas epidemias, não consegue debelar. Se ela não conseguir fazer logo, ela não consegue mais. Por isso temos 400 mil casos de malária na Região Amazônica.

 

O Sr. Hermes Dutra: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Nilton Comin, efetivamente, aproveitando seu discurso, o Lion Club Porto Alegre – Petrópolis, do qual eu faço parte, anualmente desenvolve várias campanhas e sempre procura desenvolver uma campanha de caráter institucional, e este ano, entre duas que se estava cogitando, que seria uma de regularização dos passeios, já que os passeios de Porto Alegre estão um verdadeiro horror, o Lions optou pela campanha por um verão sem mosquitos. Nomeou uma Comissão, da qual eu não faço parte, mas que ontem me pediram que ontem eu os acompanhasse em uma audiência com o Prefeito Alceu Collares. Nosso papel, obviamente, será um papel de linha auxiliar nisso aí. Nossa idéia é procurar ajudar no aspecto educativo, inclusive com concessão de um vídeo, onde constem aquelas noções necessárias e aquela ação a ser desenvolvida para evitar os focos de mosquitos, porque não adianta matar os mosquitos e não terminar com os focos. Projetar esse trabalho em todas as escolas de Porto Alegre, em todas as salas de aula, com vistas a evitar neste verão o problema do mosquito, que vem se agravando mês a mês, ano a ano. A Comissão esteve na Secretaria da Saúde do Estado e ficou pasmada porque lá existem onze pessoas encarregadas de debelar os problemas dos mosquitos no Estado do Rio Grande do Sul. Onze, Vereador! Não tiveram oportunidade de irem na SUCAM, mas certamente o farão, irão lá para conversar com o pessoal da SUCAM. A SUCAM deve ter mais condições. De qualquer forma, em termos das necessidades, fica muito aquém daquilo que se necessita resolver esse problema dos mosquitos.

 

O SR. NILTON COMIN: Agradeço a V. Exa. pelo aparte: e devo dizer o seguinte: em um levantamento feito em Porto Alegre pela SUCAM, no período em que eu era o diretor, o gênero “culex” predomina em Porto Alegre. Mas acontece que o gênero “culex’, o “Culex fadigans”, é causador, na cidade de Recife e na cidade de Natal - e que existe aqui em Porto Alegre -, da chamada elefantíase ou filariose - são aquelas pessoas que têm a perna inchada. Isso encontramos em duas cidades do interior do Estado e em Porto Alegre. Então, o transmissor está aí. E necessário que existam condições fundamentais. Agora, do gênero “Aedes”, o “Aedes aegypti” e o “Aedes albopictus” não penetraram em Porto Alegre e nem tão pouco os “anophelinos”, que causam a malária. Mas, através desse organismo, que agora o Sr. Prefeito possui e que está começando a organizar, que é o Projeto que V.Exas., os Srs. Vereadores, aprovaram, nós temos uma arma que pode ser desenvolvida aos poucos. Geralmente, quando fizemos Câmara e Comunidade, todos nós participamos, o assunto é que no verão a grande queixa é o mosquito. Quando se fala em esgoto, se fala em mosquito; quando se fala em esgoto, se fala em rato. Vai se falar em um tipo de zoonose. Isso é uma coisa normal. Quero colocar que o brasileiro não se preocupa com isso, estamos muito preocupados com doenças mais sofisticadas como o caso da Aids. Mas, na verdade, o grande problema brasileiro são as endemias que já foram em alguns Estados extirpadas e que retornam depois de vinte anos, como é o caso da malária, doença de chagas, dengue, febre amarela e, agora, encefalite, porque, através de um navio vindo da Ásia, entrou o mosquito mais terrível de todos, que é o “tigre asiático”, chamado “Aedes albopictus”. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Flávio Coulon, por cessão de tempo do Ver. Paulo Sant’Ana.

 

O SR. FLÁVIO COULON: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, venho a esta tribuna para tratar de problema que entendo ser da máxima importância para a vida da Cidade. O assunto é a I Perimetral e, para embasar o meu pronunciamento, trago a documentação publicada pela Secretaria do Planejamento Municipal, ainda ao tempo do ilustre Secretário Geraldo Brochado da Rocha. A I Perimetral, como todos sabem, é uma via que está causando problemas no Parque da Redenção, que já foi fechado pelos estudantes e que é um problema grave na vida da Cidade. Diz o documento: (Lê.)

“A concepção da Av. 1ª Perimetral, na forma de anel circulante da ‘Área Central’, encontraria problemas semelhantes aos havidos nas radiais, motivados pelo ‘espigão’, da Duque de Caxias que separava a cidade em dois vales, o do Gravataí, ao norte, e do riacho, ao sul; a barreira precisava ser vencida, através de ‘gargantas artificiais’; no passado foi a abertura da Av. Borges de Medeiros, passando sob a Rua Duque de Caxias e mais recentemente a construção do túnel da Conceição, sob a Av. Independência.

Outros obstáculos foram vencidos, tais como passagem pelo sítio da antiga estação Férrea, as onerosas desapropriações junto à rua Avaí, a doação do governo federal da Usina do Gasômetro e a sua área de implantação, além de problemas referentes às inundações do Rio Guaíba. Apesar de todas as condicionantes interpostas a Av. 1ª Perimetral foi sendo implantada, remanescendo apenas o trecho que atravessa o quarteirão da UFRGS, razão destas considerações, e da necessidade da complementação e fechamento do anel viário, obra irreversível, para que esta importante via do sistema principal de circulação e transportes do Município de Porto Alegre possa desempenhar a sua função na plenitude de que é exigida pela comunidade.”

Mais adiante, entra-se na primeira alternativa, proposta já na Administração Alceu Collares. (Lê.)

“A intenção da UFRGS em reciclar os prédios de Campus Central, muitos já desativados ou em vias de desativação, destinando-se à formação do Centro de Cultura da Universidade, precipitou a definição de um traçado para a Perimetral. Este além de utilizar toda a potencialidade da obra ainda incompleta, deveria atender no todo ou em parte os propósitos da instituição.

Vários estudos e propostas foram examinados na SPM e SMT, correspondendo a outras tantas alternativas.

Nesta anexa, se utilizaria as ruas Sarmento Leite, Engº Luiz Gastão Englert e Paulo Gama como partes componentes da Perimetral.

O quarteirão universitário se transformaria numa grande Rótula, formada por aquelas vias e Osvaldo Aranha.

É uma solução transitória, precária, atende em parte a Universidade, já que isola os dois quarteirões do ‘Campus Urbano’, mas atende de forma mais precária, ainda as necessidades da via, dada as deficientes conexões resultantes da Perimetral com Sarmento Leite, Osvaldo Aranha e o Túnel, via Engº Luiz Gastão Englert e Paulo Gama.”

Esta é a alternativa ora em funcionamento naquele local. Posteriormente foi encaminhada a alternativa nº 5, também pela Administração Alceu Collares. (Lê.)

“A partir da mesma projeção, em plano, da alternativa 4 (elevada) propõe-se um túnel atravessando o quarteirão universitário e a Avenida Osvaldo Aranha. Conectando os trechos da Perimetral, mantidas todas as demais soluções setoriais da proposta anterior.

Esta nova proposta permite:

-         aproveitar toda a potencialidade da Av. Perimetral.

-         praticamente não interferir no quarteirão, mantendo-o integral.

-         Execução sem atingir nenhum prédio.

-         execução dos projetos da UFRGS, já amplamente divulgados.

-         fechamento das ruas Sarmento Leite (entre Osvaldo Aranha e João Pessoa) e Paulo Gama, promovendo ampla e total integração, tanto dos dois quarteirões universitários entre si, como destes com o Parque.

A solução em Túnel necessita evidentemente ser submetida a exame técnico rigoroso quanto a sua viabilidade, mas tudo indica, não havendo tráfego pesado na cobertura (no Centro de Cultura), somente na Osvaldo Aranha, e como o Túnel poderá ser executado a céu aberto, pode-se afirmar que será bem mais econômica que a alternativa nº 4.

Do exposto infere-se claramente ser de extrema importância a conclusão da Avenida 1ª Perimetral, no sentido de atingir um desempenho satisfatório na circulação e nos transportes urbanos, mormente em relação a ‘Área Central’; o trajeto provisório que anualmente substitui o traçado definitivo, previsto sobre a área da Universidade, é feito em condições precaríssimas, com sérios prejuízos à circulação e retardando medidas importantes na disciplinação do transporte coletivo e individual. Por outro lado a criação do Centro Cultural da UFRGS é da mais elevada significação para a cidade de Porto Alegre; trata-se de uma medida digna dos maiores elogios, fato que foi amplamente divulgado pelos órgãos de comunicação social, oportunidade em que enfatizou-se a recuperação dos bens culturais que compõem os quarteirões universitários, a reciclagem de uso dos prédios para abrigar atividades culturais de grande interesse da comunidade e o tratamento paisagístico capaz de valorizar todo o conjunto.”

Por que eu trago este assunto, Sr. Presidente? Exatamente porque este documento da Secretaria Municipal do Planejamento já data de 1986, e se chegou a uma solução, que é a solução mais importante, mais viável para a cidade de Porto Alegre, que é um túnel, mas até agora não se vê providências efetivas da municipalidade no sentido de colocar essa solução em andamento. E vejam que o próprio jornal da Universidade diz o seguinte: (Lê.) “que a liberação dos recursos, pelo Presidente da República, José Sarney, determina, nos próximos dias, o início de uma nova e definitiva etapa na implantação do Centro Cultural da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Esses recursos, no valor de 686.197,05 OTN’s, serão aplicados nos próximos três anos, à medida em que forem sendo liberados, na restauração de prédios históricos e na urbanização dos dois quarteirões do Campus Central”. Então, o que eu quero dizer é o seguinte: se o Centro Cultural da UFRGS, o Projeto Urbanístico, especialmente no quarteirão onde está a Reitoria da Universidade, o Colégio de Aplicação, a Faculdade de Filosofia, a Faculdade de Arquitetura, Instituto de Biociências, a Rádio da Universidade. Se este projeto urbanístico for implantado antes da construção do túnel, nunca mais o túnel será construído e é ele que conectará a Av. Perimetral com o Túnel da Conceição. E eu não estou vendo, por parte da municipalidade, por parte do Prefeito, por parte da Secretaria Municipal do Planejamento, uma política, uma filosofia no sentido de resolver este problema antes que nos vejamos diante de um fato consumado. Este assunto, volto a repetir, data do tempo em que Geraldo Brochado da Rocha Filho era Secretário e, até agora, temos absolutamente silêncio por parte da Prefeitura, o que poderá tornar inviável uma obra – que é a I Perimetral – que vai causar o caos no sistema urbano. E, neste momento, eu me lembro muito bem que, junto com o Ver. Lauro Hagemann, entre outros, ficamos uma tarde inteira lá contendo a Brigada Militar, para que ela não avançasse sobre os estudantes que fechavam aquela rua e que querem ganhar aquelas três ruas para o Parque. Na hora em que este túnel ficar pronto, nós resgatamos para o Parque da Redenção cerca de três hectares de terra, que poderão ser definitivamente incorporados ao Parque, deixando-se apenas um acesso aos veículos que demandam àqueles Teatros da UFRGS. Então, trago este assunto que me parece da mais alta relevância. A Universidade está recebendo dinheiro, quase 700 mil Obrigações, ela vai investir e ele pode tornar inviável a solução, que não é do Governo do PMDB, foi o próprio Governo do PDT que ofereceu, solução esta que satisfaz a Universidade, porque atravessa o Centro Cultural com um túnel, e que satisfaz os usuários, a população de Porto Alegre. Para terminar, cito a conclusão da Prefeitura Municipal do PDT: “Esta conciliação envolvendo o Centro Cultural e a Avenida I Perimetral deixou de ser uma decisão apenas técnica ou político-administrativa para tornar-se uma questão do máximo interesse da comunidade porto-alegrense, pela característica de prioridade e irreversibilidade assumida, capaz de propiciar a indispensável integração requerida pelo complexo urbanístico que atinge a área em debate”. Eram estas as considerações que me sentia na obrigação de fazer, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, antes que os fatos se tornem irreversíveis. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. HERMES DUTRA (Questão de Ordem): Gostaria que V. Exa. determinasse se há “quorum” para a continuidade da Sessão.

 

O SR. PRESIDENTE: Solicito ao Secretário “ad hoc”, Ver. Lauro Hagemann, que faça a chamada nominal.

 

O SR. ARTUR ZANELLA (Questão de Ordem): Só para que se agilize administrativa e burocraticamente. É que eu recebi, hoje, em meu gabinete, um convite para o Congresso Nacional de Vereadores que teria início hoje, no Rio de Janeiro, e eu gostaria de saber se a Casa foi convidada, quando, em que data.

 

O SR. PRESIDENTE: Assim que providenciarmos na resposta, comunicamos a V. Exa.

 

O SR. SECRETÁRIO “AD HOC”: (Procede à verificação de “quorum”.) Há “quorum”, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE: O próximo inscrito é o Ver. Mano José, que cedeu seu tempo ao Ver. Hermes Dutra.

 

O SR. HERMES DUTRA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, há duas semanas atrás ouvi desta tribuna o nobre Líder do PDT dizer que não acontecia mais na Cidade o que acontecia há tempos atrás, quando chovia. Eu fiquei pensando se eu não andava na cidade errada. Com as chuvas da semana passada, tratei de averiguar e cheguei à seguinte conclusão: ou eu continuo andando na cidade errada ou o Ver. Cleom Guatimozim anda na cidade errada, porque os bueiros continuam sem condições de dar vazão às águas. Forma-se um espetáculo belíssimo, porque a água, sem ter vazão e não podendo levantar as tampas, que são pesadas, jorra para cima formando um círculo e quando o sol sai, reflete na água, formando um arco-íris.

Mas a Cidade não recebeu ainda a limpeza necessária destes bueiros. Nós aprovamos há mais tempo aqui, com o voto favorável deste Vereador, uma reordenação no DEP, com a criação de vários cargos de chefia, cargos de confiança, porque a alegação do Sr. Diretor, com o qual tive um contato pessoal na época, era de que lhe faltava infra-estrutura. Eu sei que o orçamento é insuficiente, que falta dinheiro, mas a grande verdade é que tem que haver um trabalho articulado, e eu já estou cansado de falar nisso, porque enquanto não houver uma articulação eficiente entre DMLU, DMAE e o DEP, nós vamos continuar com estes problemas.

O Sr. Prefeito cobra que o PFL não cumpre a sua obrigação - cobrou pela imprensa, Ver. Raul Casa, V. Exa. não viu? – e culpou o PFL pelas cheias do Rio Grande, alegando que DNOS não cumpre a obrigação com o convênio que tem com a cidade. Se o Prefeito tem razão ou não, eu não quero discutir, mas eu estou levantando outra questão: é dos encanamentos existentes – encanamentos no bom sentido, porque são aquelas tubulações de 150mm de diâmetro. Estas é que estão quase que permanentemente entupidas, porque a nossa população é mal-educada, nós temos que reconhecer isso aí. Agora, não adianta nós colocarmos a culpa na população, nós temos que conviver com estas situações. E se o processo de educação leva uma geração, duas gerações, até lá os bueiros não podem continuar sendo entupidos. Então, eu acho que deve ser feita uma articulação entre o DMLU, o DMAE e o DEP, porque há muitas e muitas ruas na Cidade que não possuem esgoto cloacal, mas possuem esgoto pluvial e os moradores puxam o encanamento direto do esgoto cloacal, não o pluvial, causando tudo isso. Então, é necessário que o Prefeito reúna os três dirigentes destes órgãos e, mediante alguns puxões de orelha, faça com que tenhamos uma ação mais eficiente nesta época. Eu pessoalmente não criticaria isso se acontecesse no mês de dezembro, porque no mês de dezembro as chuvas são poucas. Então, se vem uma chuvarada é efetivamente um fenômeno difícil de ser esperado.

Agora, nesta época todos nós sabemos que as chuvas são constantes, são chuvas fortes, muitas vezes acompanhadas de vendavais.

 

O Sr. Flávio Coulon: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Aproveito o pronunciamento de V. Exa. para colocar a sugestão de um eleitor meu que me ligou, dizendo o seguinte: “vocês que fazem campanha para adotar tanta coisa, vou propor uma campanha: a campanha ‘adote um bueiro’”, ou seja, cada esquina, cada edifício, designaria o seu zelador ou alguém para promover a limpeza do bueiro, tamanho o desespero em relação à falta de manutenção por parte da municipalidade.

 

O SR. HERMES DUTRA: Sou grato a V. Exa. Outro assunto que quero tocar nesta oportunidade, Sr. Presidente, é um assunto sério, grave, e que não está a merecer a atenção dos Governos do Estado e da Prefeitura Municipal. Quero me referir ao sistema de Defesa Civil no Estado e no Município de Porto Alegre, em particular. Nós tivemos oportunidade de ver agora, com as enchentes nas ilhas, que já é uma aberração aqueles moradores estarem lá, mas estão, não podemos ignorá-los, veio a água e foi-se obrigado a colocá-los em ginásios, em escolas; e eu ouvi no rádio autoridades estaduais e municipais dizendo que estavam faltando colchões, faltando alimentação. Isso é uma falha gravíssima da Defesa Civil do Município de Porto Alegre e da Defesa Civil do Estado do Rio Grande do Sul. Eu me lembro, não sou saudoso, mas no início do Governo Jair Soares - depois não se ouviu falar mais -, mas no início do Governo Jair Soares se iniciou uma campanha para a conscientização da população acerca da necessidade de ter uma estrutura de Defesa Civil no Estado, inclusive com a criação dos Núcleos de Defesa Civil. Lamentavelmente, depois não sei se houve um desinteresse do Governador ou das pessoas que o cercavam, não se falou mais. E o que nós vimos é que a menor chuvinha, porque esta que aconteceu, perto de uma enchente grossa, é chuvisco, a Prefeitura não tem colchão, não tem alimentação, não tem condições de transporte, por quê? Por que não tem dinheiro? Não. Porque não tem estrutura de Defesa Civil organizada. Ver. Adão Eliseu, V. Exa. é um homem que sabe destas coisas, e isso depende muito menos de recurso e mais de organização quando não tem enchente, quando não tem chuva. E nisto é necessário que o Poder Executivo assuma essa responsabilidade e tenha, como nos países desenvolvidos, eu lhes digo porque também pertenço a uma organização que é, até certo ponto, um órgão permanente da Defesa Civil, que são os escoteiros. Em países desenvolvidos, a Defesa Civil é obrigação do cidadão, mas a coordenação, a organização, tem que ser obrigatoriamente das autoridades, até para numa eventualidade efetuar as requisições necessárias de veículos e outros bens mais caros que não podem ser armazenados. Agora, ter cobertores guardados, ter lençóis guardados, ter gêneros não-perecíveis guardados é obrigação. Não se pode aceitar desculpas de que faltam verbas. Gostaria de chamar a atenção das autoridades estaduais e da autoridade municipal de Porto Alegre, da Defesa Civil, para que imediatamente se comece a repensar a Defesa Civil da Cidade. Esta Cidade está jogada à sorte no caso de qualquer calamidade, para não falar, Ver. Raul Casa, nas outras questões que a Defesa Civil abrange. Um simples chuvisqueiro, que deu não mais do que 200 flagelados, fez com que, se não me engano, a Verª Teresinha Irigaray fosse a um programa radiofônico pedir colchões, porque o pessoal não tinha onde dormir e, graças a um comunicador, que nem do seu Partido é - segundo ela me contava ontem – conseguiu os colchões necessários. Quer dizer, a autoridade está falhando, a autoridade municipal está falhando e a autoridade federal está falhando, porque a Defesa Civil é obrigação de todos nós, mas tem que ser organizada por autoridade competente.

 

O Sr. Raul Casa: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) V. Exa. aborda um assunto que, realmente, é impressionante. Eu comandei a Defesa Civil de Porto Alegre durante quatro anos e posso dizer com conhecimento de causa, as dificuldades que V. Exa. fala são palpáveis, porque ninguém, mas ninguém, nem na época do Prefeito em que eu atendi esta área, dava sequer importância ao fato. O que fiz eu? Todas as entidades que recebem, diretamente, do Poder Público Municipal, qualquer tipo de auxílio, eram obrigadas a destinar, a deixar à disposição da Prefeitura um número “x” de vagas, leitos, etc., como o Abrigo Dias da Cruz, onde chegamos a alojar, em certas circunstâncias, 400 pessoas. E nos clubes que, também, se beneficiam através de isenções da nossa Cidade. Deixei um Projeto pronto, um projeto que, lamentavelmente, nunca foi adotado, e mais do que isto: as verbas para a Defesa Civil dos Municípios do Brasil são verbas federais, é apenas uma questão de ir lá buscar, existem, só não são buscadas, por falta de interesse.

 

O SR. HERMES DUTRA: Sou grato a V. Exa. V. Exa. ilustra o meu pronunciamento, Ver. Raul Casa, agora é uma questão de fundamental importância. Quero lembrar que é Defesa Civil, não é Defesa Militar. É obrigação do Município, do Estado. E só vai se ter um eficiente sistema de Defesa Civil se trabalharmos no período em que ela não é necessária. Se lembrar de Deus só quando troveja, como diz o adágio popular, é pecado mortal.

 

O Sr. Nilton Comin: Estas despesas, Vereador, são ressarcidas pelo Governo Federal, pode o Município fazer a despesa, que o Governo Federal tem dotação própria para o ressarcimento.

 

O SR. HERMES DUTRA: Então, Vereador, fiquei mais preocupado ainda, porque realmente é de estarrecer esta informação que V. Exa. dá. Eu dizia que era falta de organização, de estruturação, mas estou até achando que é uma questão também de competência, Ver. Raul Casa.

 

O Sr. Flávio Coulon: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Hermes Dutra, eu recolho as críticas feitas por V. Exa. em relação à atuação do Governo do Estado e vou procurar lhe esclarecer a respeito do assunto. Mas quero dizer que há uma preocupação muito grande do Governo do Estado em relação a este assunto, tanto que o Conselho de Recursos Hídricos do Governo do Estado está avocando a si a questão da Defesa Civil, justamente porque considera que a maior parte dos problemas se relacionam com enchente, e como o assunto diz respeito à regularização de rios, etc. e tal, para haver um controle total disto estão avocando também este assunto para este Conselho, não sei se vão conseguir. Mas já é uma preocupação que, há poucos dias, o Dr. Rogério Porto me transmitia neste sentido.

 

O SR. HERMES DUTRA: Tomara que se resolva isto, porque o problema não é só enchente, a enchente acontece no momento. Agora, devemos estar preparados para catástrofes maiores que, se acontecerem, serão uma catástrofe mesmo, porque nós não estaremos preparados. Sou grato.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Lauro Hagemann): Com a palavra, o Ver. Luiz Braz.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, eu tenho ouvido, Ver. Raul Casa, muitas pessoas falarem sobre parlamentarismo. Mas eu não ouvi, ainda, nenhum orador, pelo menos aqui nesta Casa, falar sobre a extensão do regime parlamentarista para os Estados e principalmente para os Municípios. Como é que funcionaria isto a nível de Município, a nível de Estado. E o que eu gosto do parlamentarismo é que de repente os Legisladores somam-se aos Executivos e ambos vão administrar os destinos do País, do Estado ou então da Cidade e eu cito isso porque eu estou alarmado com o trabalho que vêm fazendo alguns Secretários Municipais de Porto Alegre e o desserviço que eles vêm prestando a esta Cidade. Trabalham não em prol da Cidade, mas em prol de si mesmos e eu quero citar – aqui estão dois pedetistas, Ver. Kenny Braga e o Ver. Adão Eliseu – que, visitando os clubes de mães da Cidade, onde fazemos um determinado trabalho, pois já há longo tempo trabalhamos ao lado dessas entidades, que prestam relevantes serviços para as diversas camadas sociais, temos nos defrontado, diversas vezes, agora nos últimos tempos, com alguns secretários e diretores do Município. Por exemplo, o Dr. Nelson Castan, da CARRIS, que tem freqüentado os clubes de mães das diversas regiões da Cidade. E sabem quais os benefícios que tem feito a esses clubes, Ver. Kenny Braga? Ele tem emprestado ônibus para que essas entidades possam se deslocar de um local para outro, e V. Exa. sabe muito bem que o Dr. Nelson Castan não tem a competência de emprestar algo que pertence ao Município e entregar a alguém. O Dr. Nelson Castan, se quiser fazer benemerência, que faça com o dinheiro do seu bolso, porque fazer benemerência com o dinheiro do Município fica muito fácil e isso tem sido feito com muita freqüência e é por isso que eu estou dizendo a V. Exas., porque tenho encontrado o Dr. Nelson Castan freqüentando os clubes de mães.

Um outro Secretário que também começou a freqüentar os clubes de mães é o Ver. Nei Lima, que fez agora um potezinho e nesses potezinhos coloca flores e enfeita as festividades e dá esses potezinhos de presentes para essas entidades e nesses potezinhos tem lá a foto do Vereador Nei Lima: Vereador 1988. Ali também é dinheiro do Município que está sendo colocado ali. Esses presentes, que deveriam estar sendo feitos com dinheiro do próprio bolso, estão sendo feitos exatamente com o dinheiro do Município, e isto não pode acontecer, e se citei o regime parlamentarista, é porque acredito que, no parlamentarismo, nós, aqui na Câmara de Vereadores, estaríamos tendo competência para fiscalizarmos isto de perto e dizermos: este Secretário não está servindo, pois ele está trabalhando em prol de si mesmo, está esquecendo a Cidade.

O Ver. Valdir Fraga, recebi no meu gabinete, foi meu secretário que recebeu, uma correspondência dele, numa publicação colorida, muito bonita, dizendo sobre as realizações de sua Secretaria, dando o nome do Vereador, dando o seu telefone, fazendo a sua propaganda pessoal com o dinheiro do Município.

 

O Sr. Ennio Terra: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Nobre Vereador, nestes dias solicitei ao Ver. Frederico Barbosa que me desse um pedacinho do murinho e o Ver. Frederico Barbosa não é Secretário, está fazendo um belíssimo trabalho na Cidade, uma propaganda bem orientada e fico feliz e acredito que não seja com o dinheiro do Município.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Ennio Terra, os muros que estão sendo pintados na Cidade é outro problema. Porque, até acho que o Vereador Nei Lima, que é o Secretário do Meio Ambiente, deveria estar cuidando da Cidade, até tentando evitar as pichações, mas na verdade não está fazendo isto, está sendo o primeiro a pichar.

 

O Sr. Raul Casa: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Lamentavelmente, tenho que discordar, dizer que foi infeliz o aparte do Ver. Ennio Terra, nosso fraternal amigo, pois há uma distinção muito grande entre o Vereador colocar o seu nome num muro e colocar o seu nome numa placa da Prefeitura anunciando obras que estão espalhadas pela Cidade, ou então doações como V. Exa. citou e que são de origem muito conhecida.

Portanto, não vamos confundir as coisas. O Ver. Frederico Barbosa pinta muros particulares, cedidos, concedidos.

Agora, propaganda em próprios municipais, em placas do Município, é algo bem diferente.

 

O Sr. Flávio Coulon: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Desejo me congratular com o pronunciamento de V. Exa. e fico pensando que se a um ano e meio das eleições as coisas já estão assim, imagino o que vai ser no ano que vem. E tenho a esperança de que faça o seu pronunciamento a Bancada do PDT, trazendo os comprovantes de que todo esse material está sendo pago pelo bolso dos denunciados.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Eu não estou dizendo isto porque falaram. Eu tenho este material comigo.

 

O Sr. Hermes Dutra: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Eu sempre defendi um melhor salário para os secretários municipais, porque efetivamente ganhavam pouco. Agora, não se justifica, efetivamente, que eles estejam a usar recursos do Município para se promoverem. Não se admite que eles, com o aumento de salário que esta Casa deu, estejam usando recursos do Município para se promoverem. Lamento que venha acontecendo isto, principalmente por companheiros que saíram daqui e que deveriam ser os primeiros a darem o exemplo. O Vereador, quando manda sua correspondência, por exemplo, a despesa é do seu bolso. Nós pagamos tudo e ainda falam que ganhamos demais. Tudo bem. É o ônus político.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Eu concordo com V. Exa. em que, agindo assim, eles fazem uma concorrência desleal, não apenas com os Vereadores, como a todos os munícipes que têm o direito também de se candidatar no ano que vem. Então, esses que assim estão agindo, lá, como secretários de Município, utilizando recursos municipais para se autopromoverem, esses têm que ser punidos. Ou através da opinião pública que deve tomar conhecimento daquilo que estão fazendo e para punição na urna, ou através do Prefeito que eu não acredito que não saiba que seus Secretários estão agindo de tal forma, desviando recursos que deveriam estar sendo empregados para o bem estar da população, fazendo com que esses recursos possam causar bem estar para suas campanhas à reeleição à Câmara de Vereadores.

 

O Sr. Raul Casa: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Apenas para agregar ao seu discurso denúncias que começam a chegar em nossos gabinetes sobre os famosos carros locados, à disposição de determinadas Secretarias, iremos verificar, prestando serviços a Vereadores candidatos à reeleição. Este, talvez, é um dos assuntos mais sérios e devemos estar atentos. Faz muito bem V. Exa. quando alerta ao Prefeito sobre a angústia de alguns secretários, colocando seu nome ostensiva e abertamente em placas de obras que os munícipes pagam, em uma ostensiva e já declarada campanha e guerra eleitoral, em detrimento até de seus colegas de Partido.

 

O Sr. Adão Eliseu: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Só para tentar fazer um reparo na participação do Ver. Raul Casa, quando meu amigo e irmão, Raul Casa, procura mostrar irregularidades que estariam – olha como estou conjugando o verbo – ocorrendo em determinadas Secretarias. Eu acho que o meu querido amigo deveria indicar o nome. Porque dessa forma compromete a Administração de Alceu Collares. Compromete de uma forma não muito objetiva, porque não se sabe se realmente está acontecendo.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Eu indiquei nomes!

 

O Sr. Adão Eliseu: Não. É o Ver. Raul Casa.

 

O Sr. Raul Casa: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) As placas da SMOV em frente da “Zero Hora”...

 

O Sr. Adão Eliseu: V. Exa. se referiu a carros locados que estariam a serviço das candidaturas...

 

O SR. LUIZ BRAZ: Qual Secretaria, Vereador?

 

O Sr. Raul Casa: Nós estamos checando esses dados, mas já fica um alerta aqui. Assim como fizemos com a CARRIS, cujo nome do seu titular é maior do que o do Prefeito, naquele disco que diz “Propriedade do Povo de Porto Alegre”... Conhecido candidato a Vereador em Porto Alegre... E um desrespeito à própria lei se colocar nome em obras e próprios municipais.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Para finalizar, Sra. Presidente e Srs. Vereadores, eu não ia citar nada, desta tribuna, embora há muito tempo eu venha acompanhando as irregularidades. Eu tinha feito um acordo comigo mesmo de que não iria mais fazer denúncias deste tipo, mas os exageros têm sido tamanhos, os gastos têm sido tamanhos, a deslealdade lá fora tem sido tamanha que eu não pude deixar de fazer este pronunciamento no dia de hoje. E o que foi a gota d’água, Ver. Raul Casa, é que a SMAM anunciou na “Zero Hora” de ontem que tinha um projeto para plantio de árvores frutíferas na Cidade. Acontece que esta Lei é de autoria deste Vereador que, em 1983, passava um projeto por esta Casa obrigando o plantio de árvores frutíferas nesta Cidade e, ontem, descaradamente, sai a notícia no jornal Zero Hora de que o titular da SMAM estaria plantando árvores frutíferas, um projeto que ele estaria estabelecendo para esta Cidade. Aí é muita coisa! Aí é deslealdade demais! É querer, realmente, fazer cortesia com o chapéu dos outros! Estão brincando de administrar esta Cidade, infelizmente. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTE (Teresinha Irigaray): Liderança com o PDT. Com a palavra, o Ver. Adão Eliseu.

 

O SR. ADÃO ELISEU: Sra. Presidente e Srs. Vereadores, vou usar o tempo de Liderança da minha Bancada para me referir, também, ao assunto mencionado, desta tribuna, pelo Ver. Hermes Dutra, quando ele se refere à Defesa Civil do Município.

Eu quero me referir, neste modesto pronunciamento, à Defesa Civil em todo o Estado, o que significa a Defesa Civil, no Estado, para a comunidade. Entendemos que a criação do Gabinete de Defesa Civil no Município de Porto Alegre é um órgão de assessoramento do Gabinete do Sr. Prefeito, deve estar ligado diretamente ao Gabinete do Sr. Prefeito Municipal, porque, em determinado momento, quando ocorrem as enchentes e desabamentos, enfim, tudo aquilo que exige a presença dos membros da Defesa Civil do Município ou do Estado, quem vai comandar as ações da Defesa Civil é, realmente, o Prefeito e, no caso do Estado, o Governador. A Defesa Civil tem, no Município, caráter preventivo, essencialmente, são como os bombeiros de todo o mundo, cuja missão principal é prever para prover, para que, quando aconteçam os problemas, o Município tenha condições adequadas para resolve-los. E, conforme disse o Ver. Hermes Dutra, nós queremos, apenas, colaborar. E para reforçar este pronunciamento desta tarde, em torno da Defesa Civil, que vem muito a calhar, porque estamos vivendo momentos difíceis na periferia da nossa Cidade. Em virtude das chuvas, os moradores, as pessoas de baixa renda, normalmente se recolhem a lugares em que as chuvas, os desabamentos, as catástrofes criam problemas. Nós temos, nesta Casa, um Projeto que está tramitando há mais de quatro meses, desde o ano passado; ele está, atualmente, nas mãos do Ver. Caio Lustosa, que solicitou à Presidência da Casa algumas providências. Estou fazendo apenas um relato do que está acontecendo. Eu acho que nós, Vereadores, todos nós e não só apenas o Ver. Hermes Dutra, o Ver. Wilson Santos já veio à tribuna tratar do assunto, e este Vereador, que até tem um projeto que não encaminhou, em vista de o Prefeito ter encaminhado o seu, e aqui está o meu projeto, todos nós deveríamos nos preocupar com esse problema da Defesa Civil, que tem por função precípua o trabalho nos momentos em que não estão ocorrendo as catástrofes, as enchentes, os desabamentos, ou seja lá o que for que preocupe a nossa população. Nestes momentos, que haja uma estrutura tal que funcione o ano inteiro, no sentido de prever o acontecimento para que, quando ele ocorra, a Defesa Civil do Município tenha condições de atuar, tenha onde alojar os flagelados, tenha alimentação estocada, conforme disse o Ver. Hermes Dutra, com bens não-perecíveis, para que, no momento exato, a população flagelada possa ser socorrida imediatamente e que, nem o Município nem o Estado, tenham necessidade de recorrer à população em geral, com pedidos e solicitações de alimentação, local para abrigar os flagelados, etc. Que o Município tenha, durante o tempo de tranqüilidade, esta estrutura pronta e todos os elementos prontos para atuarem nos momentos de necessidade. Tem que prever, tem que trabalhar o ano inteiro, para que, quando o mal aconteça, não se precise fazer o que está sendo feito agora, com o Estado e o Município pedindo ajuda aos bons corações. O Estado e o Município é que terão que socorrer os flagelados. Solicitamos ao Ver. Caio Lustosa que dê andamento, no menor tempo possível, e ele tem capacidade para isto, ao Projeto que tramita nesta Casa, para que possamos examiná-lo com todo o cuidado, que esta Casa o aprove e que o Prefeito sancione o Projeto que estrutura a Defesa Civil no Município. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTE: Com a palavra, em Comunicações, o Ver. Lauro Hagemann. V. Exa. tem dez minutos.

 

O SR. LAURO HAGEMANN: Sra. Presidente e Srs. Vereadores, eu volto a bater numa tecla que tem sido insistentemente acionada da tribuna desta Casa, em defesa e benefício da maioria esmagadora da população desta Cidade: é a velha questão do transporte coletivo. Existem coisas que não dependem de dinheiro; muito se tem alegado que o sistema de transporte coletivo por ônibus e microônibus, nesta Cidade, depende de tarifa, depende de renovação de frota, depende de extensão das linhas, depende de uma porção de coisas que, em última instância, dependem de recursos financeiros. Ma é certo que existem outras questões que dependem de uma decisão política, e até de uma decisão administrativa: a falta de cumprimento dos horários estabelecidos por lei municipal é um fato constante nesta Cidade; nos programas Câmara e Comunidade, dos quais temos participado em diversos locais da Cidade, é invariável a reclamação com respeito à falta de cumprimento dos horários do transporte coletivo. E isso não depende de dinheiro, mas de uma ação da Secretaria Municipal dos Transportes. Eu faço um apelo, mais uma vez, muito fraterno, ao nosso companheiro de Câmara, Ver. Elói Guimarães, para que tome as providências necessárias a fim de que seja, simplesmente, cumprida a lei. Não se está a pedir mais nada; existem outras coisas também que não dependem de dinheiro e que se referem ao melhor atendimento nos transportes coletivos. Ontem esta Casa abrigou uma reunião de aposentados e hoje o jornal publica uma notícia a respeito do mau tratamento que certos motoristas dão aos aposentados, os que possuem o passe-livre, que gozam de um benefício legal, estabelecido por esta Casa. Muitos idosos não tem tido o tratamento condizente com a sua condição, são humilhados quando nas paradas pedem para embarcar e não são atendidos.

 

A Sra. Bernadete Vidal: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Quero me agregar ao pronunciamento de V. Exa., também quanto aos portadores de deficiência, que sofrem o mesmo tipo de humilhação. Ficam esperando nos bancos, sem que os motoristas deixem subir, muito menos pela porta da frente.

 

O SR. LAURO HAGEMANN: Agradeço sua colaboração. É mais um dos tantos casos de descaso para com os passageiros desta Cidade. Além disto há também outras considerações.

 

A Sra. Bernadete Vidal: Gostaria também de dizer que quem está pagando esse pequeno privilégio aos velhos e deficientes é o Município de Porto Alegre, não a empresa. Todos sabemos da dívida altíssima das empresas de ônibus com o Município, que foi trocada por esse benefício.

 

O SR. LAURO HAGEMANN: Não é só a Prefeitura, somos todos nós. Não há favor nenhum em tratar bem os idosos e deficientes.

 

O Sr. Hermes Dutra: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) No cálculo da tarifa inclui-se o passe do idoso, como a meia passagem para o estudante. Por isto sou contra a meia-passagem, pois enquanto ela beneficia os estudantes do Colégio Anchieta, por exemplo, onera o operário que sai da Vila Cruzeiro do Sul para trabalhar. Cada passagem de estudante, para efeito de IPK conta duas para compensar. Da mesma forma o passe dos idosos. No último cálculo contou-se como um milhão de idosos, o que se colocou em questão. Não é favor algum, é pago por quem usa o ônibus, que subsidia o transporte para o idoso, o deficiente, o estudante, o brigadiano e o carteiro em horário de serviço.

 

O SR. LAURO HAGEMANN: Os argumentos dados pela Verª Bernadete Vidal e pelo Ver. Hermes Dutra reforçam a tese de que os empresários não estão fazendo nenhum favor. O que se pede é que a SMT faça cumprir a lei da maneira mais consentânea possível com as necessidades da população, principalmente dessa faixa etária e dos deficientes. Além disso, é inacreditável o estado de sujeira em que trafegam certos veículos que atendem principalmente às vilas mais carentes desta Cidade. Parece que as empresas têm prazer sádico em fornecer os piores veículos para a população destas vilas periféricas, onde a população é mais necessitada do transporte coletivo.

Então, o que se pede ao prezado companheiro Elói Guimarães, Vereador desta Casa e hoje detentor da titularidade da Secretaria Municipal dos Transportes, é que faça cumprir a lei, que execute aquilo que determinam as disposições que esta Casa já adotou. Não custará um centavo a mais e isso é tarefa do Município, que é responsável por este serviço em última instância e, principalmente, para que faça os empresários cumprirem a lei, porque não é isto que está acontecendo. Os empresários estão jogando ao seu bel-prazer, criando toda esta espécie de constrangimento à população e isso, em última instância, vai prejudicar a imagem da Administração Municipal.

 

O Sr. Kenny Braga: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) O tema abordado por V. Exa. transcende os limites de economia e vai ao cerne de um problema filosófico e moral. O Brasil de hoje, a civilização ocidental de hoje, faz um verdadeiro culto ao corpo belo, ao corpo jovem, faz um culto, enfim, à juventude. E há um absoluto desprezo pelo homem idoso, pelo homem velho.

Então, eu vejo o tratamento das empresas em relação ao idoso como mais uma escalada de desprezo pela pessoa idosa, mais um capítulo de desprezo generalizado que esta civilização diabólica, equivocada, devota à pessoa idosa. Nós conhecemos países que têm respeito reverencial pelo velho. Então, na medida em que os empresários de transportes coletivos e seus empregados não respeitam o velho, não lhe garantem a faculdade da lei, aprovada por esta Casa, eu registro isso como mais um desrespeito contra o idoso, o velho de nossa Cidade.

 

O SR. LAURO HAGEMANN: Nobre Ver. Kenny Braga, eu não quis nem aprofundar o exame da questão filosófica, que é inerente ao sistema capitalista, econômico que nos domina, com relação à outra faixa etária – são as duas faixas etárias chamadas improdutivas, que é a infância e a velhice, e no nosso caso, são as suas faixas exatamente mais desassistidas, mais desprezadas. Os milhões de menores abandonados que existem por aí estão conceituados nesse propósito, de que o homem só vale pelo que produz. Depois que produziu ou antes de produzir não vale nada, e é isto que nós temos que perseguir para solucionarmos ou pelo menos revertermos a uma posição mais humana. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTE: Liderança com o Ver. Aranha Filho, pelo PFL.

 

O SR. ARANHA FILHO: Sra. Presidente e Srs. Vereadores, já desta tribuna debati sobre o problema das cheias de Porto Alegre e, por conseguinte, abordei o problema do DEP e da Defesa Civil. Aproveito a oportunidade para falar aos Vereadores Hermes Dutra e Adão Eliseu deste assunto, que julgo da maior importância, e inclusive para cerrar fileiras em torno desta importante Comissão de Defesa Civil, tanto do Município como do Estado, abordada pelos Vereadores que me antecederam, Gostaria de dizer, em primeiro lugar, Vereadores Adão Eliseu, Hermes Dutra e demais Vereadores, que o homem chegou à lua porque descobriu a engenharia de prevenção de perdas, e é exatamente com esta idéia que eu abordo este assunto, e diria até com pleno conhecimento de causa, diria que o estudo que tramita nesta Casa é de somenos importância, dado que o Conselho de Defesa Civil do Estado e o do Município são feitos por Decreto ou do Governador do Estado ou do Prefeito Municipal. Verbas existem, verbas do Ministério do Interior. O que importa, isto sim, é que o Sr. Governador do Estado, o Sr. Prefeito Municipal, encarem a Defesa Civil como deve ser encarada. Repito: o homem chegou à lua porque descobriu a engenharia de prevenção de perdas. Se nós imaginarmos que os meses de julho, agosto e setembro são catastróficos para Porto Alegre e Grande Porto Alegre no que se refere à precipitação pluviométrica, ao excesso de chuva, nós estaríamos fazendo já um tipo de prevenção. Se existe uma História e essa História nos registra que ano após ano acontecem estas cheias, e se nós temos conhecimento prévio do que foi feito no ano anterior e do que está sendo feito esse ano, nós também estamos alimentando o nosso conhecimento e sabendo o que nós poderemos fazer. Um homem, dois homens, e pena que somente os Anais da Casa registram este fato, se nós sabemos como é o que ocorre hoje na Defesa Civil do Município, onde dois homens, um olhando para o rosto do outro, tentam colocar no papel uma idéia e transpor e transportar para o Sr. Prefeito Municipal ou o seu Secretariado... Automaticamente estes mesmos planos esbarram na famosa burocracia da máquina municipal e, talvez, transportando para a área do Estado, na burocracia estadual. Ora, é muito fácil planejar e é muito fácil colocar no papel, mas, para que seja assimilado, é importante que o outro, ao receber esses estudos, tenha também a mesma condição de assimilar aquilo que lhe foi passado e escrito naquelas folhas. Há três anos atrás, Porto Alegre fez uma das coisas que o mundo inteiro gostaria de fazer – Porto Alegre fez! Mas foi tremendamente contestada. A Defesa Civil do Estado que foi elaborar ou vivenciar um acidente no aeroporto Salgado Filho. Disseram que com aquela amostra, com aquele estudo gastaram milhões de dinheiro sem nada conseguir, pararam Porto Alegre. Mas o que eu queria dizer aos nobres Vereadores é que o que aquela idéia, aquele acidente simulado trouxe muito, a nível didático, para todas as áreas que fazem prevenção de acidentes, enfim, que tentam evitar catástrofes. De grande valia foi aquele estudo, hoje perdido no tempo e no espaço, como tudo o que ocorre no Rio Grande do Sul e em Porto Alegre. Nada desses estudos é assimilado a fim de que se possa, didaticamente, promover estudos para o futuro.

Existe uma Defesa Civil? Sim, existe, no papel tanto no Município quanto no Estado, pena que as autoridades não dão o valor que a Defesa Civil merece; pena que não dão espaço para quem pensa; pena que aqueles acidentes fantasiosos não foram recolhidos como subsídios para épocas futuras. Lastimável, portanto, o destrato que se tem com o ser humano, com a população de um modo geral. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

A SRA. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Kenny Braga.

 

O SR. KENNY BRAGA: Sra. Presidente e Srs. Vereadores, a imprensa noticia hoje – sem maior destaque é verdade – que pessoas não-identificadas, mas que desde já podem ser consideradas, caracterizadas como vândalos e assassinos da memória histórica da Cidade, estão retirando os azulejos portugueses do prédio de nº 891 da Rua dos Andradas. O fato não teria maior significado se o prédio não estivesse arrolado pela Prefeitura entre os monumentos e sítios históricos destinados à preservação. Quem faz a denúncia de que os azulejos estão vendidos como utensílios e peças avulsas é a própria Presidente do Conselho Municipal do Patrimônio Histórico e Cultural da Prefeitura, Iara Carvalho dos Santos. Eu ainda não tive condições de entrar em contato com a Dona Iara e obter maiores informações, mas eu considero a denúncia muito grave, porque a ação de indivíduos predadores de monumentos e sítios históricos da Cidade atesta contra o foro de civilização que devemos preservar a qualquer preço e representa um descaso, um desprezo absoluto pela história cultural de Porto Alegre.

A minha preocupação, Sr. Presidente, Srs. Vereadores, não é com o fato em si, embora ele seja altamente prejudicial, altamente lesivo ao nosso patrimônio histórico, é com a possibilidade de que atos de vandalismo como este continuem se repetindo impunemente sem que haja, de parte do Poder Executivo e da própria autoridade policial, uma ação inibidora correspondente.

Ao longo dos anos, com o crescimento da rapinagem urbana, decretada pelos empresários da construção civil, que só enxergam a possibilidade de lucro, cada vez maior, a memória cultural da Cidade foi sendo sistematicamente destruída. A impressão que se tem é de que há uma mentalidade perversa, uma mentalidade diabólica, uma mentalidade burra, que considera as velhas construções da Cidade do início do século e do final do século passado coisas desprezíveis, sem nenhum valor cultural e espiritual. E que tudo pode ser feito no sentido de destruí-las, porque não haverá de parte do Município, dos órgãos encarregados da preservação da memória histórica uma firme ação, uma decidida ação para impedir o prosseguimento deste sacrilégio.

Da tribuna da Câmara Municipal de Porto Alegre, eu faço um apelo à Secretaria Municipal de Obras e Viação, ao próprio Conselho Municipal do Patrimônio Histórico, que leve ainda hoje mesmo este fato triste, ocorrido num velho prédio da Rua da Praia, ao conhecimento das autoridades. Eu estou pedindo cadeia, eu estou pedindo cana para os ladrões de azulejos, para os destruidores da nossa fisionomia histórica e da nossa fisionomia cultural. Nós vamos impedir por todos os meios que a Rua da Praia se degrade ainda mais na concessão para estabelecimentos bancários, que o espaço que pertenceu tradicionalmente à alma boêmia, à alma enluarada e à alma romântica de tantas gerações de porto-alegrenses.

Certamente estão querendo desfigurar o prédio de nº 891 da Rua dos Andradas para substituí-lo imediatamente por um monstrengo de concreto para abrigar com o tempo louros banqueiros de Boston, Manhatan, que levam para o Exterior o melhor do esforço e do trabalho, da dedicação do nosso povo.

Eu repito, portanto: eu quero uma ação imediata da PMPA e da autoridade policial contra predadores de monumentos e prédios históricos. A cidade, impunemente, não pode ser ocupada por vândalos e analfabetos que nada têm a ver com sua história e sua alma. Polícia neles, cadeia neles, para que aprendam a respeitar o que tantas gerações construíram com seu afeto, amor e desmedido humanismo. A Cidade não é um espaço destinado ao lucro fácil, depredação sórdida e desalmada de ricos, dos capitalistas que, salvo raras exceções, não têm compromissos com as raízes históricas e culturais de nossa terra. Aliás, a maioria deles são pessoas que escolheram o Rio Grande única e exclusivamente para enriquecer, mas que, na realidade, não têm compromissos nem com nossa história, nem com nossas tradições. O espaço nobre do Centro da Cidade se destina à convivência, à fraternidade, e pertence à reflexão de homens livres, que desejam crescer juntos, coletivamente, colocados no posto oposto da barbárie, da arrogância e da expansão irregular e criminosa de grupos que só desejam o enriquecimento a qualquer custo, passando por cima de tudo, inclusive do nosso amor pela cultura e pela tradição de nossa gente. Deixo, portanto, essa denúncia, já formulada, e que enfatizo novamente: não é possível que se continue sistematicamente destruindo a memória cultural de nossa Cidade em benefício de uns poucos privilegiados, que desejam ocupar a Cidade a seu bel-prazer, para enriquecer com facilidade. O espírito do capitalismo destrutivo e selvagem tem que ser contido a qualquer preço. Esta Cidade não pode ser o espaço de manobras de pragmáticos, de utilitaristas, analfabetos que desejam destruir todo nosso patrimônio cultural e nosso patrimônio histórico. Quero uma ação decisiva do Município de Porto Alegre para impedir que os prédios arrolados para classificação do patrimônio histórico continuem sendo destruídos. É um apelo que faço. Tenho certeza de que para isso tenho o apoio da maioria dos Vereadores, pois são sensíveis e sabem do que falo. Triste do país que não conserva a sua memória, triste da nação que degrada a sua memória. Esta Cidade não pode ter este recorde triste de ser líder no Brasil de destruição de sua memória histórica. Tenho certeza que o Município de Porto Alegre, através do seu Prefeito Municipal, das suas autoridades e dos órgãos responsáveis pela preservação histórica, haverá de tomar uma medida rápida, uma medida radical para impedir que a ação dos vândalos seja concretizada como eles querem, como eles bem entendem. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTE: Liderança com o PMDB, Ver. Flávio Coulon.

 

O SR. FLÁVIO COULON: Sra. Presidente e Srs. Vereadores, não seria este assunto que iria falar, hoje, em tempo de Liderança, mas como o Ver. Lauro Hagemann trouxe à baila o problema dos transportes na Cidade resolvi modificar o meu pronunciamento.

Há algum tempo atrás, o jornal Zero Hora publicou declarações minhas dizendo que o ilustre companheiro Ver. Elói Guimarães só dialoga por escrito. E o Ver. Elói Guimarães me ligou, imediatamente, para solicitar explicações. E dei as explicações. Um assessor meu havia ido lá na SMT e recebera a informação que encaminhasse a minha solicitação por escrito. A partir daquela data, passei a encaminhar todas as minhas solicitações por escrito, à SMT.

Temos aqui a primeira, no dia 17 de junho. A outra, em 22 de junho, 9 de julho, 17 de julho, 23 de julho, 31 de julho, 05 de agosto, outra também de 5 de agosto, e finalmente fiz uma listagem para o Ver. Elói Guimarães de toda a correspondência que ele não tinha resolvido. E, até hoje, 8 correspondências, 8 Pedidos de Informações, 8 sugestões encaminhadas para melhorar o trânsito de Porto Alegre não tiveram a mínima resposta.

Não é de se espantar que o trânsito de Porto Alegre esteja na situação em que está, porque algumas dessas sugestões são altamente válidas. Eu tenho certeza de que uma mão inglesa entre a Barros Cassal e a Sarmento Leite, vizinhanças do Colégio Rosário, onde os carros têm que se cruzar; seria da mais alta importância. Até hoje não se dignou a responder qualquer coisa.

A Av. Osvaldo Aranha, por exemplo, na hora do pico, entre 7h30 e 8h30min, por que não obedecem a sinalização proibindo o estacionamento? Não, se deixa estacionar, especialmente naquela quadra entre a Thomaz Flores e Barros Cassal, em frente ao Instituto de Educação. Se atravanca uma pista inteira, se prejudica uma grande parte da população, estão lá os sinais de proibido, proibidíssimo. Ninguém toma nenhuma providência. Existe um Decreto, assinado pelo Prefeito Guilherme Socias Villela, que fixa sobre a preferência em lugares sentados nos veículos coletivos urbanos. Posteriormente, outro Decreto, que altera este Decreto e que dispõe sobre a preferencialidade de lugares sentados para pessoas idosas, gestantes e deficientes físicos. Tem que existir, na frota de Porto Alegre, uma placa nos primeiros assentos, tanto do lado direito como do lado esquerdo dos ônibus que compõe a frota de Porto Alegre, uma placa com os seguintes dizeres: “Atenção, assentos reservados para o uso de pessoas idosas, gestantes, ou deficientes físicos”. Alguém já viu essa placa nos ônibus de Porto Alegre? Quem coloca um Decreto assinado por João Antonio Dib e também por Artur Paulo Araújo Zanella? Alguém viu essas placas nos ônibus? Alguém dá preferência para gestantes, idosos ou deficientes físicos? Quem é a autoridade? É o motorista? Quem é o agente coator? Absolutamente nada. Também, o Ver. Caio Lustosa me cobrava há poucos dias que utilizássemos um advogado para localizar todas as leis que não são cumpridas, só no âmbito municipal. De modo que, Ver. Lauro Hagemann, nós temos que fazer uma profunda reflexão e trazer aqui o nosso ilustre colega, por quem eu tenho grande admiração, que é o Ver. Elói Guimarães, para que nos explique as coisas do trânsito de Porto Alegre.

Há poucos dias, esteve aqui o ex-Ministro Cloraldino Severo, que deixou claro que o problema de Porto Alegre é um problema de fiscalização de trânsito. E eu concordo com o Ministro Cloraldino Severo, aqui todo mundo estaciona onde quer, não existe policiamento nenhum, não existe respeito nenhum pela liberdade dos outros.

Fica aqui o meu apelo e tenho certeza absoluta de que com a eficiência da assessoria da Bancada do PDT, representada, neste momento, pelo Ver. Adão Eliseu e a Verª Teresinha Irigaray, se irá levar esta queixa sentida, sofrida, deste Vereador, que vê a sua correspondência, desde o dia 17 de junho, sem uma resposta. Eu até poderia pensar que é uma falta de consideração, mas, como eu conheço bem o Ver. Elói Guimarães, eu tenho certeza que é um absoluto e total assoberbamento de trabalho. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTE: Nada mais havendo a tratar, estão encerrados os trabalhos da presente Sessão.

 

(Levanta-se a Sessão às 15h50min.)

 

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